Existem fatos que se tornam históricos não pela grandeza de seus feitos, mas pelo significado de seus atos. Durante essa semana ocorreu um desses episódios. Quem imaginaria Cuba sem Fidel como líder? Pois é, acredite, ele renunciou faltando apenas faltando um ano, para completar meio século a frente de uma ideologia. Jamais pensaria em tal cena.
Seria loucura ou talvez devaneio, alguém publicar que o George W. Bush luta pela igualdade social e, é a principal bandeira pela paz entre as nações...? O Brasil conseguir erradicar toda a pobreza e, nossos políticos foram apontados como os mais corretos e incorruptíveis do planeta...? Ah, e as grandes potências mundiais investindo milhões em saúde, educação e na reconstrução dos países africanos sem explorar suas terras atrás de riquezas minerais...? Essas são algumas questões que seriam ótimas se tornassem realidades! Mas há algo em comum que impede dessas causas tornarem realidade – PODER é a maior miséria que neste mundo muitos consomem.
Não há mal nenhum em buscar o topo em suas profissões, principalmente governamentais. Mas a ambição de perpetuar-se em seus cargos destrói homens, escravizam vidas, quiçá vendendo até suas almas para tal cobiça. Enquanto o tempo não se encarrega pela renovação e mudanças; cabe-nos esperar por milagres ou assumirmos nossas responsabilidades sem se fazer de vítimas.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Opinião
Todo o ser humano é formador de opinião, pois direta ou indiretamente influenciamos alguém. Qual o torcedor que não palpita na escalação do seu time? Quem nunca tentou convencer, um filho, sobrinho ou amigo a mudar de time? E muitas vezes acabaram omitindo e aceitando determinada situação, para não criar conflitos numa partida de futebol? Esses são alguns exemplos das mais variadas atenuantes do futebol e as emoções envolvidas nesse esporte.
Pela legislação que rege este país, vivenciamos uma democracia. E também estamos sob liberdade de imprensa, segundo os estatutos não existe censura, será...? Falando em leis, governo e censura... ah, vêm à memória, política. Assunto que gera muitas discussões acaloradas. Volta e meio sempre nos holofotes estão: escândalos de desvios de verbas públicas, gastos de cartões corporativos, tráfico de influência, compra de votos e outros. Poderíamos citar outros, porém devido a tal imunidade parlamentar impeçam-me de dizer mais; não quero ter um processo antes até mesmo de ser formado. Hum... liberdade de imprensa, sei... sei... existe sim é censura velada!
Existe um ditado popular que fala: “futebol, política e religião não se discutem; cada um tem o seu”. Religião é o tema mais polêmico dos três mencionados acima, por que é muito pessoal. Envolve muito mais que paixão ou ética, diz respeito a valores como: família, fé, amor, esperança e crenças. É um campo muito delicado de se abordar, requer muita sabedoria.
No mundo existem muitas religiões: católicos, evangélicos, protestantes, budistas, hindus, judeus, muçulmanos, ortodoxos... cada qual com seus dogmas. Agora imaginem se todas começassem impor a sua “verdade”, com certeza seria um genocídio total. Entretanto, Deus, em sua infinita sabedoria abençoou cada entidade religiosa, capacitados a guiarem o seu rebanho.
Deus, quando enviou o seu filho foi para nos salvar e este se sacrificou por nós na cruz. Jesus veio nos salvar, mas do egoísmo, luxúria e vaidades. E o maior mandamento que Ele deixou foi: “Amar uns aos outros como a ti mesmo”. Engraçado, dizem: “a voz do povo é a voz de Deus”, contesto veemente este clichê. É difícil acreditar que era a vontade de Deus ter crucificado o seu filho amado. Será que não está na hora de colocarmos em prática o amor praticado por Jesus?Portanto, mais importante que ter uma opinião é respeitar a do próximo. Caso não concorde ao menos respeite a minha.
Pela legislação que rege este país, vivenciamos uma democracia. E também estamos sob liberdade de imprensa, segundo os estatutos não existe censura, será...? Falando em leis, governo e censura... ah, vêm à memória, política. Assunto que gera muitas discussões acaloradas. Volta e meio sempre nos holofotes estão: escândalos de desvios de verbas públicas, gastos de cartões corporativos, tráfico de influência, compra de votos e outros. Poderíamos citar outros, porém devido a tal imunidade parlamentar impeçam-me de dizer mais; não quero ter um processo antes até mesmo de ser formado. Hum... liberdade de imprensa, sei... sei... existe sim é censura velada!
Existe um ditado popular que fala: “futebol, política e religião não se discutem; cada um tem o seu”. Religião é o tema mais polêmico dos três mencionados acima, por que é muito pessoal. Envolve muito mais que paixão ou ética, diz respeito a valores como: família, fé, amor, esperança e crenças. É um campo muito delicado de se abordar, requer muita sabedoria.
No mundo existem muitas religiões: católicos, evangélicos, protestantes, budistas, hindus, judeus, muçulmanos, ortodoxos... cada qual com seus dogmas. Agora imaginem se todas começassem impor a sua “verdade”, com certeza seria um genocídio total. Entretanto, Deus, em sua infinita sabedoria abençoou cada entidade religiosa, capacitados a guiarem o seu rebanho.
Deus, quando enviou o seu filho foi para nos salvar e este se sacrificou por nós na cruz. Jesus veio nos salvar, mas do egoísmo, luxúria e vaidades. E o maior mandamento que Ele deixou foi: “Amar uns aos outros como a ti mesmo”. Engraçado, dizem: “a voz do povo é a voz de Deus”, contesto veemente este clichê. É difícil acreditar que era a vontade de Deus ter crucificado o seu filho amado. Será que não está na hora de colocarmos em prática o amor praticado por Jesus?Portanto, mais importante que ter uma opinião é respeitar a do próximo. Caso não concorde ao menos respeite a minha.
Crédito: Ivan Luiz Ferreira
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
domingo, 10 de fevereiro de 2008
TV digital coloca a propaganda em um dilema
Se o público pode customizar o que deseja ver na TV, possivelmente vai eliminar conteúdos publicitários. E o que faremos nós, publicitários? Criar um opt-in para a publicidade? Criar entretenimento?
Enfim, a TV digital entrou em funcionamento no Brasil, após muitas discussões sobre padrões e formatos.Todas as emissoras já adaptadas a este novo padrão de transmissão (e recepção) do sinal televisivo gabam-se, neste momento, de possuírem imagem e som com qualidade similar a de aparelhos de DVD, como se esta percepção fosse crucial ao estilo de vida de um consumidor médio.
Os primeiros aparelhos capazes de captar e reproduzir o sinal digital são vendidos a cifras consideráveis e um novo mercado tomou forma, o de conversores de sinais analógicos, para reduzir um pouco a crise existencial de quem acabou de comprar aquela TV de plasma com 52′’ que não processa o sinal digital.Prender-se unicamente à qualidade de transmissão é subvalorizar, contudo, a potencialidade de digitalização na transmissão da informação e, ao que parece, esta é a única possibilidade comunicada pelas grandes redes às massas.
Qualquer conteúdo que possa ser digitalizado é mais facilmente controlável, digo, está mais suscetível à manipulação, alteração e propagação. Desde o surgimento do MP3, a indústria fonográfica passa por uma crise, tentando criar mecanismos para impedir a propagação de softwares P2P e da livre distribuição de músicas pela rede. Não fazendo apologia a nenhuma prática, mas tendo um olhar isento sobre a situação, qualquer iniciativa no sentido de coibir tal prática será inútil. O conteúdo digital é composto de bytes, intangíveis e, portanto, não cerceáveis.
Não entrando no mérito da questão acima, a digitalização da transmissão televisiva nos oferece algo muito maior do que imagens mais nítidas - nos oferece a possibilidade de manipular, alterar e propagar seu conteúdo. Na prática, qualquer televisão poderia comportar-se, inicialmente, como uma TiVo, ou seja, seria possível gravar, pausar, acelerar, retroceder qualquer programa de televisão que estivesse sendo exibido. Em breve veremos televisores sendo vendidos “com HD de x Tbs”. A customização da grade televisiva também é possível a partir do momento em que cada programa não passa de 0s e 1s. O Joost já pensa nisso desde sua criação e, agora, seu conceito poderá ser levado às grandes redes de televisão.
A digitalização de conteúdo televisivo abre uma gama de possibilidades para distribuição e manipulação de conteúdo, algo próximo do que o surgimento do conceito de internet trouxe para o mundo da informática.
Consideremos que, num dado momento, os telespectadores deixarão de ser passivos com relação à programação que lhes é apresentada e passem a interagir com ela, num primeiro instante apenas customizando-a e determinando o que é ou não relevante. Por exemplo, poderíamos escolher não assistir programas de esporte ao meio-dia e, em seu lugar, exibir os episódios de Friends. Num segundo momento, parodiando o que se chama de “web 2.0” (que, como havia dito anteriormente, nada mais é do que efetivamente a aplicação do conceito de rede à internet), usuários poderiam montar seu próprio canal de TV e colaborarem com a programação das grandes redes.
Consideremos que, num dado momento, os telespectadores deixarão de ser passivos com relação à programação que lhes é apresentada e passem a interagir com ela, num primeiro instante apenas customizando-a e determinando o que é ou não relevante. Por exemplo, poderíamos escolher não assistir programas de esporte ao meio-dia e, em seu lugar, exibir os episódios de Friends. Num segundo momento, parodiando o que se chama de “web 2.0” (que, como havia dito anteriormente, nada mais é do que efetivamente a aplicação do conceito de rede à internet), usuários poderiam montar seu próprio canal de TV e colaborarem com a programação das grandes redes.
Além de termos controle sobre o que nos está sendo exibido, pode-se também pensar na interação comercial entre espectador e programa. A princípio vamos pensar numa operação de e-commerce integrada à publicidade apresentada na TV: pausa-se o programa em exibição e, com o controle remoto, pode-se adquirir online o produto que está sendo apresentado em um anúncio (ou coloca-lo em sua lista de desejos, ou solicitar mais informações, ou navegar no website da empresa em uma tela PIP - Picture-in-picture); a compra de um determinado produto também pode ser feita em meio a uma programação comum: gostou do telefone que está sobre a mesa de centro durante a cena daquela novela? Clique e compre, depois volte a assistir o capítulo do dia.
Nada disto é oferecido pelas concessionárias de TV porque elas ainda não sabem como operacionalizar e aplicar este modelo de negócio a uma mídia que, há mais de 80 anos, desde o primeiro invento de John Logie Baird (e a transmissão de uma imagem do Gato Felix) está acostumada a tratar seus espectadores como seres passivos, cuja única interação, até então, era o clique do controle remoto para mudar de canal ou aumentar o volume.
Num âmbito onde o usuário decide o que quer assistir como a propaganda estará inserida?Além da customização da transmissão televisiva, à primeira vista, é de se supor que, havendo a possibilidade de eliminar qualquer conteúdo publicitário, ninguém (à exceção de publicitários) permitirá com que fossem exibidos filmes de produtos em sua programação. O que faremos então? Criar um opt-in para a publicidade? Ou seja, “quero assistir somente comerciais das seguintes empresas: x, y e z”, lá se vão os conceitos atuais de cobertura e freqüência em mídia; a cobertura será igual ao número de usuários que optaram por assistir à seu filme publicitário e a freqüência às vezes que ele decidiu assisti-lo (alguém assistiria a mesma comunicação publicitária mais de uma vez se não fosse forçado?).
Pode ser uma saída interessante mas, caso o opt-in fosse implementado em massa, como uma nova marca ou novo produto seria conhecido se não existem usuários que optaram por não conhecê-los e relacionarem-se apenas com aquelas empresas ou produtos que já estão familiarizados? Neste momento entra um discutível aspecto da propaganda como entretenimento e utilidade, a ser abordado em futuro artigo.Pense nas discussões e mudanças causadas pela digitalização de conteúdos em áudio (MP3, iPods e afins) e, a isto, potencialize o impacto na mídia que ainda é a mais consumida no mundo todo.
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O marketing se move
Novas tecnologias não são apenas novas formas de se divulgar velhos conteúdos. Por André Caramuru Aubert
O marketing e a publicidade viveram uma vida boa até pouco tempo atrás. Seguiam poucas e imutáveis fórmulas e as coisas estavam em paz. Passaram décadas anunciando em jornais, revistas e cartazes de rua. Patrocinavam eventos esportivos e culturais, faziam ações promocionais aqui e ali, e tudo dava certo. Quando surgia uma nova tecnologia, como o rádio e a TV, a velocidade de adoção pelas massas era lenta o suficiente para que eles se adaptassem sem traumas.
A partir da década de 1990, a internet, e dez anos depois, os celulares, mudaram tudo. Não houve alteração, num primeiro momento, na realidade, no dia-a-dia. Era o conceito que estava sendo revolucionado, só que poucos profissionais de mídia perceberam isso de cara.
Todas as mídias anteriores eram iguais num ponto: elas funcionavam como broadcast, ou seja, um único emissor falava para muitos receptores. Interatividade era pesquisa de opinião, ou ligar na rádio pra pedir uma música. A internet e os celulares representam a possibilidade do multicast, ou seja, de um ou muitos emissores falando para um ou muitos receptores, com interatividade permanente. Tanto a Rede Globo quanto o YouTube passam vídeos, mas eles têm entre si mais diferenças do que semelhanças.
Com tudo isso acontecendo, tem muita gente que ainda pensa que publicidade na web é banner, e no celular é promoção via SMS...
As novas tecnologias não são apenas novas formas de se divulgar velhos conteúdos, elas estão provocando mudanças de hábitos nos mais diversos segmentos, gerações e grupos culturais, e é isso que deve ser levado em conta. Mas as revoluções sempre seguem em frente, mesmo deixando alguns mortos e feridos pelo caminho. E, decididamente, também há quem já tenha, ou esteja perto, de encontrar o rumo.
Uma pesquisa recente da Forrester Research nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que os hispânicos são muito mais propensos do que outros grupos étnicos, a comprar celulares com câmera (65% contra 48%), vídeo (41% a 17%), música (42% a 15%) e acesso à internet (57% a 39%). Nem todo mundo é igual, e isso precisa ser levado em conta.
Uma outra informação, que completa esta de maneira curiosa, divulgada pela AdAge, mostra que os marqueteiros “multiculturais” no Estados Unidos estão muito mais propensos a se utilizar das novas mídias móveis do que os marqueteiros tradicionais, porque já perceberam que a resposta das “minorias” às ações de marketing segmentadas são muito mais elevadas.
Já na Inglaterra, a opinião de 41% dos publicitários entrevistados pelo Internet Advertising Bureau é de que, em 2010, a publicidade móvel estará entre as principais ações dos anunciantes. O principal motivo, segundo eles, é a facilidade de se criar ações segmentadas e personalizadas.
Enfim, vejamos o que acontecerá daqui para a frente. Por enquanto, ainda há muito a ser tentado e inventado, e nem mesmo os papéis de cada um dos players (operadoras, grupos de mídia tradicionais, portais de conteúdos, anunciantes, agências, usuários etc.) está claramente definido. A única e grande certeza é que a reinvenção é necessária e as velhas fórmulas estão condenadas.
Fonte:
IDG Now
André Caramuru Aubert, um dos pioneiros em tecnologias móveis no Brasil, é consultor.
O marketing e a publicidade viveram uma vida boa até pouco tempo atrás. Seguiam poucas e imutáveis fórmulas e as coisas estavam em paz. Passaram décadas anunciando em jornais, revistas e cartazes de rua. Patrocinavam eventos esportivos e culturais, faziam ações promocionais aqui e ali, e tudo dava certo. Quando surgia uma nova tecnologia, como o rádio e a TV, a velocidade de adoção pelas massas era lenta o suficiente para que eles se adaptassem sem traumas.
A partir da década de 1990, a internet, e dez anos depois, os celulares, mudaram tudo. Não houve alteração, num primeiro momento, na realidade, no dia-a-dia. Era o conceito que estava sendo revolucionado, só que poucos profissionais de mídia perceberam isso de cara.
Todas as mídias anteriores eram iguais num ponto: elas funcionavam como broadcast, ou seja, um único emissor falava para muitos receptores. Interatividade era pesquisa de opinião, ou ligar na rádio pra pedir uma música. A internet e os celulares representam a possibilidade do multicast, ou seja, de um ou muitos emissores falando para um ou muitos receptores, com interatividade permanente. Tanto a Rede Globo quanto o YouTube passam vídeos, mas eles têm entre si mais diferenças do que semelhanças.
Com tudo isso acontecendo, tem muita gente que ainda pensa que publicidade na web é banner, e no celular é promoção via SMS...
As novas tecnologias não são apenas novas formas de se divulgar velhos conteúdos, elas estão provocando mudanças de hábitos nos mais diversos segmentos, gerações e grupos culturais, e é isso que deve ser levado em conta. Mas as revoluções sempre seguem em frente, mesmo deixando alguns mortos e feridos pelo caminho. E, decididamente, também há quem já tenha, ou esteja perto, de encontrar o rumo.
Uma pesquisa recente da Forrester Research nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que os hispânicos são muito mais propensos do que outros grupos étnicos, a comprar celulares com câmera (65% contra 48%), vídeo (41% a 17%), música (42% a 15%) e acesso à internet (57% a 39%). Nem todo mundo é igual, e isso precisa ser levado em conta.
Uma outra informação, que completa esta de maneira curiosa, divulgada pela AdAge, mostra que os marqueteiros “multiculturais” no Estados Unidos estão muito mais propensos a se utilizar das novas mídias móveis do que os marqueteiros tradicionais, porque já perceberam que a resposta das “minorias” às ações de marketing segmentadas são muito mais elevadas.
Já na Inglaterra, a opinião de 41% dos publicitários entrevistados pelo Internet Advertising Bureau é de que, em 2010, a publicidade móvel estará entre as principais ações dos anunciantes. O principal motivo, segundo eles, é a facilidade de se criar ações segmentadas e personalizadas.
Enfim, vejamos o que acontecerá daqui para a frente. Por enquanto, ainda há muito a ser tentado e inventado, e nem mesmo os papéis de cada um dos players (operadoras, grupos de mídia tradicionais, portais de conteúdos, anunciantes, agências, usuários etc.) está claramente definido. A única e grande certeza é que a reinvenção é necessária e as velhas fórmulas estão condenadas.
Fonte:
IDG Now
André Caramuru Aubert, um dos pioneiros em tecnologias móveis no Brasil, é consultor.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
O poder oculto das comunidades
Os movimentos das comunidades virtuais têm se tornado uma prática corriqueira e, aos poucos, as novas estruturas virtuais interagem com o mundo tradicional. Faltam ações efetivamente coletivas.
Por Corinto MeffeCom Tatiana Al-Chueyr Pereira Martins*
As previsões da era da informação sobre as potencialidades das comunidades virtuais ainda não foram atingidas em sua plenitude. O consultor Hermano Cintra afirma que “os conceitos relacionados a comunidades virtuais ainda estão em seus estágios iniciais” [1].
Existe, no entanto, um aspecto que extrapolou as expectativas: a força da internet.
Capaz de colecionar façanhas, dentre elas a de perturbar um gigante adormecido: a televisão. Se este meio de comunicação tradicional começa a ser ameaçado, deve ser um sinal que alterações em pequenos nichos de poder podem se concretizar com a expansão da grande rede.No artigo “A Rede que Une”, Andrew Shapiro faz uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na sociedade com a chegada da internet. Shapiro aponta que “um dos problemas de se viver em um tempo de grandes mudanças é que muitas vezes temos dificuldades de entender exatamente o que está mudando”.
A mesma dificuldade de “entendimento” pode ser observada em outros aspectos da internet. Tim Berners-Lee, um dos responsáveis pela criação da internet, apontou três expectativas pessoais com relação às mudanças provocadas pela da rede mundial de computadores:(i) Ter à disposição enormes quantidades de informação e conseguir, ao mesmo tempo, produzi-las;(ii) Trabalhar em equipe de maneira mais eficiente, especialmente superando as barreiras geográficas;(iii) Analisar o que ocorre no interior da sociedade com a chegada da web.Tendo-se atingido as duas primeiras expectativas, surge o desafio de compreender os reais efeitos da internet sobre a sociedade. Muitos fatores dificultam tal análise: (i) Existe um nível de exclusão digital elevado em boa parte do planeta; (ii) As comunidades de inteligência coletiva ainda são muito incipientes; (iii) A dimensão da real interferência política da internet é objeto raro de pesquisa; e (iv) A maior parte da população que utiliza tecnologias da informação e de comunicação vêem estes bens como meros itens de consumo.
Pode-se verificar, de acordo com as pesquisas apontadas por Shapiro em seu artigo, que pouco se evolui em intervenções presenciais nas comunidades onde a inclusão digital avançou. Surge, então, uma grande dúvida: a democrática internet tem promovido o indivíduo ou o coletivo?O Brasil tem chamado a atenção pela imensa quantidade de participantes em comunidades virtuais mundiais. Um dos fenômenos é o Orkut, no qual aproximadamente 70% dos mais de 6 milhões dos inscritos são brasileiros. A intensa participação virtual brasileira também tem se repetido no SourceForge e nas comunidades de software livre.Em paralelo, a participação ativa brasileira na internet, ferramentas como blogs, wikis e fóruns de discussão têm consolidado o conceito de comunidade virtual, evidenciando alterações na estrutura social brasileira, a ponto de dois importantes analistas políticos, Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim, considerarem que a internet teve fator decisivo na última eleição presidencial, no ano de 2006.
Mas, em termos sociais, até que ponto os brasileiros têm utilizado a tecnologia para a melhoria da sociedade e não apenas para usufruto pessoal? A internet tem propiciado aos seus usuários a grande intimidade existente entre habitantes de cidades pequenas, ou tem promovido o anonimato (ou pseudônimo) da vida metropolitana?Stephen Biggs expressa de modo efetivo este paradoxo [2]: a internet, geralmente vista como uma vila global, tem se mostrado uma verdadeira selva urbana. Oferecendo a promessa de uma existência virtual sem contatos com a vida desconectada - compre de casa, trabalhe de casa, faça terapia de casa - a internet tem “suburbanizado” a existência humana. A grande flexibilidade e liberdade oferecidas pelas relações virtuais têm ocasionado a dispersão das relações pessoais e, o que é pior, da responsabilidade coletiva de cada indivíduo.
Shapiro reflete em seu texto que um dos grandes desafios do mundo virtual é justamente conseguir transformar o poder de aglutinação de comunidades virtuais, de velocidade de troca de informações e de grupos organizados em interferências verdadeiras na sociedade. A evolução, a revolução e a transformação dependem de mudanças estruturais no cotidiano, na práxis social.Focalizando o contexto brasileiro, constata-se que as comunidades virtuais têm potencializado o contato e a organização de indivíduos em novas estruturas. Comunidades que começaram virtuais - a Comunidade Python Brasil e o Sistema de Inventário CACIC - passam a ter encontros presenciais em eventos como o PyCon Brasil e o Fórum Internacional de Software Livre (FISL). Com o crescimento destas comunidades, surge uma nova dimensão de poder, a qual muitas vezes passa despercebida pelos próprios envolvidos.
Infelizmente, o poder das comunidades virtuais tem sido ignorado pela maioria da população, conforme pode ser observado em situações do nosso cotidiano. De um lado, milhões de brasileiros votam pela rede em programas de TV, como o “Big Brother”. Do outro, campanhas de defesa da Amazônia somam votos que não chegam à casa do milhão.Embora não seja uma análise qualitativa, os números são discrepantes e temos a mesma quantidade em potencial de votantes - os usuários conectados. Ou seja, se acessa a internet para salvar um rosto bonito do “paredão”, mas não se pode dar mais um clique para participar de uma campanha em prol do maior bioma terrestre do planeta.Ainda que sem reconhecimento, os movimentos das comunidades virtuais têm se tornado uma prática corriqueira e, aos poucos, as novas estruturas virtuais interagem com o mundo tradicional. O Brasil tem bases sólidas assentadas na direção da interação e integração social. Importante pensarmos em como as comunidades virtuais podem trazer resultados concretos de organização social e da reconfiguração da estrutura de poder vigente.
Apenas tomando-se consciência deste movimento das comunidades virtuais será possível orientá-los para as ações efetivamente coletivas, tornar mais transparente o véu que encobre as relações de poder estabelecidas e reunir o que há de melhor nas comunidades virtuais e tradicionais, em benefício de uma quantidade maior de pessoas. [Webinsider]* Tatiana Al-Chueyr Pereira Martins é Engenheira de Projetos/Programadora no Centro de Pesquisas Renato Archer
NOTAS:
[1] CINTRA, Hermano José Marques, Gestão do Conhecimento e E-learning na prática, Comunidades Virtuais: Alguns Conceitos e Casos Práticos, Capítulo 25, pág. 207, Elsevier Editora Ltda., Rio de Janeiro, 2003.[2] BIGGS, Stephen. “Global Village or Urban Jungle: Culture, Self-Construal, and the Internet”. Proceedings of the Media Ecology Association, Volume 1, 2000.Texto publicado na Revista A Rede, com o título Ação virtual, poder real, em outubro de 2007, nº 30, Momento Editoral Ltda., sob a licença Creative Commons.
Por Corinto MeffeCom Tatiana Al-Chueyr Pereira Martins*
As previsões da era da informação sobre as potencialidades das comunidades virtuais ainda não foram atingidas em sua plenitude. O consultor Hermano Cintra afirma que “os conceitos relacionados a comunidades virtuais ainda estão em seus estágios iniciais” [1].
Existe, no entanto, um aspecto que extrapolou as expectativas: a força da internet.
Capaz de colecionar façanhas, dentre elas a de perturbar um gigante adormecido: a televisão. Se este meio de comunicação tradicional começa a ser ameaçado, deve ser um sinal que alterações em pequenos nichos de poder podem se concretizar com a expansão da grande rede.No artigo “A Rede que Une”, Andrew Shapiro faz uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na sociedade com a chegada da internet. Shapiro aponta que “um dos problemas de se viver em um tempo de grandes mudanças é que muitas vezes temos dificuldades de entender exatamente o que está mudando”.
A mesma dificuldade de “entendimento” pode ser observada em outros aspectos da internet. Tim Berners-Lee, um dos responsáveis pela criação da internet, apontou três expectativas pessoais com relação às mudanças provocadas pela da rede mundial de computadores:(i) Ter à disposição enormes quantidades de informação e conseguir, ao mesmo tempo, produzi-las;(ii) Trabalhar em equipe de maneira mais eficiente, especialmente superando as barreiras geográficas;(iii) Analisar o que ocorre no interior da sociedade com a chegada da web.Tendo-se atingido as duas primeiras expectativas, surge o desafio de compreender os reais efeitos da internet sobre a sociedade. Muitos fatores dificultam tal análise: (i) Existe um nível de exclusão digital elevado em boa parte do planeta; (ii) As comunidades de inteligência coletiva ainda são muito incipientes; (iii) A dimensão da real interferência política da internet é objeto raro de pesquisa; e (iv) A maior parte da população que utiliza tecnologias da informação e de comunicação vêem estes bens como meros itens de consumo.
Pode-se verificar, de acordo com as pesquisas apontadas por Shapiro em seu artigo, que pouco se evolui em intervenções presenciais nas comunidades onde a inclusão digital avançou. Surge, então, uma grande dúvida: a democrática internet tem promovido o indivíduo ou o coletivo?O Brasil tem chamado a atenção pela imensa quantidade de participantes em comunidades virtuais mundiais. Um dos fenômenos é o Orkut, no qual aproximadamente 70% dos mais de 6 milhões dos inscritos são brasileiros. A intensa participação virtual brasileira também tem se repetido no SourceForge e nas comunidades de software livre.Em paralelo, a participação ativa brasileira na internet, ferramentas como blogs, wikis e fóruns de discussão têm consolidado o conceito de comunidade virtual, evidenciando alterações na estrutura social brasileira, a ponto de dois importantes analistas políticos, Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim, considerarem que a internet teve fator decisivo na última eleição presidencial, no ano de 2006.
Mas, em termos sociais, até que ponto os brasileiros têm utilizado a tecnologia para a melhoria da sociedade e não apenas para usufruto pessoal? A internet tem propiciado aos seus usuários a grande intimidade existente entre habitantes de cidades pequenas, ou tem promovido o anonimato (ou pseudônimo) da vida metropolitana?Stephen Biggs expressa de modo efetivo este paradoxo [2]: a internet, geralmente vista como uma vila global, tem se mostrado uma verdadeira selva urbana. Oferecendo a promessa de uma existência virtual sem contatos com a vida desconectada - compre de casa, trabalhe de casa, faça terapia de casa - a internet tem “suburbanizado” a existência humana. A grande flexibilidade e liberdade oferecidas pelas relações virtuais têm ocasionado a dispersão das relações pessoais e, o que é pior, da responsabilidade coletiva de cada indivíduo.
Shapiro reflete em seu texto que um dos grandes desafios do mundo virtual é justamente conseguir transformar o poder de aglutinação de comunidades virtuais, de velocidade de troca de informações e de grupos organizados em interferências verdadeiras na sociedade. A evolução, a revolução e a transformação dependem de mudanças estruturais no cotidiano, na práxis social.Focalizando o contexto brasileiro, constata-se que as comunidades virtuais têm potencializado o contato e a organização de indivíduos em novas estruturas. Comunidades que começaram virtuais - a Comunidade Python Brasil e o Sistema de Inventário CACIC - passam a ter encontros presenciais em eventos como o PyCon Brasil e o Fórum Internacional de Software Livre (FISL). Com o crescimento destas comunidades, surge uma nova dimensão de poder, a qual muitas vezes passa despercebida pelos próprios envolvidos.
Infelizmente, o poder das comunidades virtuais tem sido ignorado pela maioria da população, conforme pode ser observado em situações do nosso cotidiano. De um lado, milhões de brasileiros votam pela rede em programas de TV, como o “Big Brother”. Do outro, campanhas de defesa da Amazônia somam votos que não chegam à casa do milhão.Embora não seja uma análise qualitativa, os números são discrepantes e temos a mesma quantidade em potencial de votantes - os usuários conectados. Ou seja, se acessa a internet para salvar um rosto bonito do “paredão”, mas não se pode dar mais um clique para participar de uma campanha em prol do maior bioma terrestre do planeta.Ainda que sem reconhecimento, os movimentos das comunidades virtuais têm se tornado uma prática corriqueira e, aos poucos, as novas estruturas virtuais interagem com o mundo tradicional. O Brasil tem bases sólidas assentadas na direção da interação e integração social. Importante pensarmos em como as comunidades virtuais podem trazer resultados concretos de organização social e da reconfiguração da estrutura de poder vigente.
Apenas tomando-se consciência deste movimento das comunidades virtuais será possível orientá-los para as ações efetivamente coletivas, tornar mais transparente o véu que encobre as relações de poder estabelecidas e reunir o que há de melhor nas comunidades virtuais e tradicionais, em benefício de uma quantidade maior de pessoas. [Webinsider]* Tatiana Al-Chueyr Pereira Martins é Engenheira de Projetos/Programadora no Centro de Pesquisas Renato Archer
NOTAS:
[1] CINTRA, Hermano José Marques, Gestão do Conhecimento e E-learning na prática, Comunidades Virtuais: Alguns Conceitos e Casos Práticos, Capítulo 25, pág. 207, Elsevier Editora Ltda., Rio de Janeiro, 2003.[2] BIGGS, Stephen. “Global Village or Urban Jungle: Culture, Self-Construal, and the Internet”. Proceedings of the Media Ecology Association, Volume 1, 2000.Texto publicado na Revista A Rede, com o título Ação virtual, poder real, em outubro de 2007, nº 30, Momento Editoral Ltda., sob a licença Creative Commons.
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